" O grande homem é o homem livre" - Kung-Fu-Tse (Confúcio - 孔夫子)

"A liberdade de imprensa é talvez a liberdade que mais tem sofrido pela

degradação da idéia da liberdade. (Albert Camus)

"Atrás da anonímia se alaparda a covardia, se agacha o

enredo, se ancora a mentira, se acaçapa a subserviência,

se arrasta a venalidade." (Rui Barbosa)


Meus textos

domingo, 3 de agosto de 2008

PLANO DE VIDA

Acredito firmemente que o planejamento em tudo o que fazemos é um precioso instrumento para que as ações sejam mais eficazes e possamos colher os resultados com satisfação redobrada, em face à constatação de que nosso trabalho foi coroado de êxito conforme estava previsto. Entretanto, nem sempre o cuidadoso detalhamento prévio garante a materialização do que estava planejado.

Eu estava em frente ao computador, preocupado em colocar em ordem a correspondência, pensando no tema do texto que deveria preparar (inicialmente tinha pensado em escrever sobre “dogma”), enquanto trocava idéias no Messenger com um amigo sobre nossas atividades futuras, amanhã, semana que vem, próximo ano,... Toca o telefone, eu atendo, converso alguns instantes com uma pessoa e logo tudo mudou com as informações recebidas. Desculpei-me e me despedi do amigo do Messenger. Meu foco já era outro, não fazia mais sentido me preocupar com os acontecimentos futuros e eu então, após uns momentos de reflexão, como num flash, encontrei um tema novo para escrever: preparação para a morte. Isso mesmo: preparação para a morte! Qual o problema? Nós todos estamos preparados? Qual a conexão com o que foi relatado? — A morte como outro episódio qualquer da nossa vida pode alterar completamente nossa linha de ação.
Eu sei que muitos não gostam de falar sobre o assunto e, se for espírita então, logo tem a resposta: “— A morte não existe!”. Esta é uma questão que dificilmente decidimos encarar, sem meias palavras, sem subterfúgios e sem bater na madeira, num gesto tradicional e supersticioso de quem quer afastar de si ou dos entes amados algo que é inexorável.
Tentemos imaginar que temos todo um plano de vida, traçado a longo prazo, e de repente nos vemos surpreendidos por um episódio que nos obriga a mudar totalmente nossas diretrizes, pois tudo o que estava antes previsto passou a ser irrelevante diante da nova situação. Apesar de um evento certo, não foi considerado porque o instante não estava determinado. Precisamos reavaliar a nova realidade e redirecionar nossas ações e objetivos.
Assim é a morte. Semelhante a um fato previsível cujo momento do seu acontecimento não pode ser determinado, ela pode aparecer de repente, nos tirando do tempo e espaço em que habitávamos até então, obrigando-nos a alterar totalmente nossas concepções em relação ao ambiente circundante e às personalidades que nos rodeiam.
Certo. O planejamento não garante o resultado! Mas ele dá o conhecimento de causa que habilita ao redirecionamento conforme as circunstâncias. Sem ele, faltará a segurança, a presença de espírito, o bom senso, o desprendimento e a autoridade para tomar decisões rápidas e conscientes, traçando novas diretrizes. Nunca seremos pegos de surpresa e sempre teremos uma alternativa viável que, embora não tenha sido pensada, estava armazenada no subconsciente, resultado do labor sério e responsável.
Por tal princípio, quando a morte chegar estaremos preparados para ver a nossa vida por outro ângulo, dialogando com nossos pares, familiarizando-se com o novo ambiente, refazendo projetos conforme com a realidade que se apresenta.
Entretanto, precisamos ter em mente que sem podermos determinar o momento fatídico devemos também estar preparados para ainda permanecermos muito tempo encarnados, com todas as injunções inerentes ao fardo que carregamos e o seu desgaste natural pelo envelhecimento. Isto significa dizer que devemos nos preparar para a VIDA.
Ora, se eu planejar minha vida e souber que ela continua mesmo após o perecimento do corpo, não há com o que me preocupar. Estarei onde eu quis estar, junto de quem eu queria, fazendo aquilo que eu planejei, dando seqüência aos meus esforços terrenos e, talvez, em condições bem melhores. Tudo resultado de planejamentos e ações anteriores.
Então pergunto:
— Devemos nos preparar para a morte?
— Não. A morte não existe!

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