" O grande homem é o homem livre" - Kung-Fu-Tse (Confúcio - 孔夫子)

"A liberdade de imprensa é talvez a liberdade que mais tem sofrido pela

degradação da idéia da liberdade. (Albert Camus)

"Atrás da anonímia se alaparda a covardia, se agacha o

enredo, se ancora a mentira, se acaçapa a subserviência,

se arrasta a venalidade." (Rui Barbosa)


Meus textos

segunda-feira, 4 de abril de 2011


Smiley piscando Eis aqui uma mensagem que deveria circular sempre pela internet! De preferência todos os dias, para nos lembrarmos a todo momento de que nossos pensamentos devem ser vigiados. 

Já ouvimos falar disso, não?! 
(do amigo Adão Flávio Paz Pereira - Canoas-RS)
O Centésimo Macaco
Nota: Para pesquisar o assunto, consulte a obra do biólogo inglês Rupert Sheldrake sobre campos morfogenéticos

O macaco japonês Macaca Fuscata vinha sendo observado há mais de trinta anos em estado natural.
Em 1952, os cientistas jogaram batatas-doces cruas nas praias da ilha de Kochima para os macacos.
Eles apreciaram o sabor das batatas-doces, mas acharam desagradável o da areia.
Uma fêmea de um ano e meio, chamada Imo, descobriu que lavar as batatas num rio próximo resolvia o problema. E ensinou o truque à sua mãe.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Plano de Vida


Néventon Vargas*

Acredito firmemente que o planejamento em tudo o que fazemos é um precioso instrumento para que as ações sejam mais eficazes e possamos colher os resultados com satisfação redobrada, em face à constatação de que nosso trabalho foi coroado de êxito conforme estava previsto. Entretanto, nem sempre o cuidadoso detalhamento prévio garante a materialização do que estava planejado.
Eu estava em frente ao computador, preocupado em colocar em ordem a correspondência, pensando no tema do texto que deveria preparar (inicialmente tinha pensado em escrever sobre “dogma”), enquanto trocava idéias pela internet com um amigo sobre nossas atividades futuras, amanhã, semana que vem, próximo ano,... Toca o telefone, eu atendo, converso alguns instantes com uma pessoa e logo tudo mudou com as informações recebidas... – Que não foram sobre doença ou morte!
Desculpei-me e me despedi do amigo com quem conversava... Meu foco já era outro. Não fazia mais sentido preocupar-me com os acontecimentos futuros. Então, após uns momentos de reflexão, como num flash, encontrei um tema novo para escrever: preparação para a morte. Isso mesmo: preparação para a morte! Qual o problema? Nós todos estamos preparados? Qual a conexão com o que foi relatado? — Nenhuma! Exceto pela necessidade de mudança de planos. Qualquer ocorrência da nossa vida, inclusive a morte, pode alterar completamente nossa linha de ação.
Eu sei que muitos não gostam de falar sobre o assunto e, se for espírita então, logo tem a resposta: “— A morte não existe!”. Esta é uma questão que dificilmente decidimos encarar, sem meias palavras, sem subterfúgios e sem bater na madeira, num gesto tradicional e supersticioso de quem quer afastar de si ou dos entes amados algo que é inexorável.
Tentemos imaginar que temos todo um plano de vida, traçado a longo prazo, e de repente nos vemos surpreendidos por um episódio que nos obriga a mudar totalmente nossas diretrizes, pois tudo o que estava antes previsto passou a ser irrelevante diante da nova situação. Apesar de um evento certo, não foi considerado porque o instante não estava determinado. Precisamos reavaliar a nova realidade e redirecionar nossas ações e objetivos.
Assim é a morte. Semelhante a um fato previsível cujo momento do seu acontecimento não pode ser determinado, ela pode aparecer de repente, nos tirando do tempo e espaço em que habitávamos até então, obrigando-nos a alterar totalmente nossas concepções em relação ao ambiente circundante e às personalidades que nos rodeiam.
Certo. O planejamento não garante o resultado! Mas ele dá o conhecimento de causa que habilita ao redirecionamento conforme as circunstâncias. Sem ele, faltará a segurança, a presença de espírito, o bom senso, o desprendimento e a autoridade para tomar decisões rápidas e conscientes, traçando novas diretrizes. Nunca seremos pegos de surpresa e sempre teremos uma alternativa viável que, embora não tenha sido pensada, estava armazenada no subconsciente, resultado do labor sério e responsável.
Por tal princípio, quando a morte chegar estaremos preparados para ver a nossa vida por outro ângulo, dialogando com nossos pares, familiarizando-se com o novo ambiente, refazendo projetos conforme com a realidade que se apresenta.
Entretanto, precisamos ter em mente que sem podermos determinar o momento fatídico devemos também estar preparados para ainda permanecermos muito tempo encarnados, com todas as injunções inerentes ao fardo que carregamos e o seu desgaste natural pelo envelhecimento. Isto significa dizer que devemos nos preparar para a VIDA.
Ora, se eu planejar minha vida e souber que ela continua mesmo após o perecimento do corpo, não há com o que me preocupar. Estarei onde eu quis estar, junto de quem eu queria, fazendo aquilo que eu planejei, dando seqüência aos meus esforços terrenos e, talvez, em condições bem melhores. Tudo resultado de planejamentos e ações anteriores.
Então pergunto:
— Devemos nos preparar para a morte?
— Não. A morte não existe!
* Néventon Vargas é Engenheiro Civil; membro da ASSEPE – Associação de Estudos e Pesquisas Espíritas de João Pessoa – assepe@assepe.org. 

domingo, 30 de janeiro de 2011

Liberdade

Néventon Vargas*
Ao receber esta foto pela internet me pareceu ajustar-se perfeitamente ao entendimento de "livre pensar" por mim proposto no texto a seguir, ao dizer que o indivíduo "...pode se impor clausura mental e se recusar ao uso do raciocínio, preferindo aceitar sem reflexão as idéias prontas e acabadas, como se o universo do pensamento não fosse dinâmico." Neste enfoque o indivíduo se equipararia ao animal da foto, "preso" à cadeira, com a diferença que este é irracional por natureza e aquele o é por opção.
Liberdade para ir e vir, para realizar, para protestar, para divulgar, para pensar... São condições que todo o ser humano almeja para si, mas nem todas são acessíveis a todos. A única que ninguém pode nos impor limites é a liberdade de pensar. Portanto, numa primeira avaliação, quando se fala em livre pensar, conforme tem aparecido em algumas análises, se comete uma redundância porque todo o pensamento forçosamente seria livre. Entretanto, se formos mais a fundo na questão podemos descobrir que a liberdade de pensar não é tão absoluta, assim como as outras formas de liberdade nem sempre têm seu cerceamento imposto por terceiros.
Cabe uma reflexão em torno do auto-aprisionamento em que indivíduos se impõem uma reclusão. Aqui podemos nos referir apenas àqueles que optam por uma vida de total clausura por escolha livre e consciente ou aos que não vêem outra alternativa para sua proteção, defendendo a sua integridade física por ter desenvolvido fobias das mais diversas que não estão em análise no momento.
Quando se fala em pensamento também podemos cogitar que o cerceamento da liberdade não pode ser imposta por terceiros e que, portanto, todos seríamos livre-pensadores. Mas se por um lado ninguém pode ter o domínio absoluto sobre o pensamento de terceiro, por outro, cada indivíduo, sendo senhor de si para pensar, pode se impor clausura mental e se recusar ao uso do raciocínio, preferindo aceitar sem reflexão as idéias prontas e acabadas, como se o universo do pensamento não fosse dinâmico.
Livre pensar não é apenas pensar. Livre pensar é pensar com isenção, sem os condicionamentos impostos pelo tradicional ou por qualquer tipo de dogma. O livre-pensador desenvolve o seu próprio raciocínio, calcado na própria capacidade intelectual e, portanto, deve ter consciência das suas limitações, como também de que o saber é progressivo, sendo natural apoiar-se nas mais diversas fontes, mas nunca tê-las como infalíveis.
O livre-pensador é intelectualmente honesto e não se recusa a analisar uma idéia por mais estranha que lhe possa parecer. Não admite como verdadeiras teses propostas apenas pelo fato de provirem das mais famosas fontes nem tê-las como falsas apenas por terem origem desconhecida.
O livre-pensador pode se dobrar às decisões unânimes, mas nunca se deixará convencer apenas pela unanimidade.
Enfim, todos somos reféns do sincretismo filosófico, religioso ou científico, como resultado de um processo dialético interminável, mas o livre-pensador rompe paradigmas, buscando sempre alternativas possíveis que o levem a novos caminhos com horizontes cada vez mais distantes.
O livre-pensador espírita tem em Allan Kardec uma referência significativa, uma mente brilhante e de bom senso incontestável, mas sem considerá-lo infalível. As anotações d’O Livro dos Espíritos sempre são consideradas com o peso exato de um livro escrito num contexto próprio para o seu tempo e passíveis de revisão conforme os avanços do pensamento humano. As intervenções dos espíritos são respeitáveis, mas tão consideradas quanto as opiniões dos maiores pensadores encarnados.
* Néventon Vargas é Secretário e ex-presidente da ASSEPE - Associação de Estudos e Pesquisas Espíritas; Delegado da CEPA - Confederação Espírita Pan-Americana em João Pessoa - PB. 

domingo, 9 de janeiro de 2011

Comentário sobre o Aborto

Comentário sobre o Aborto

Néventon Vargas

Apesar de ser radicalmente favorável à vida, penso que na opinião do Sr. Gerson Monteiro (http://extra.globo.com/noticias/religiao-e-fe/gerson-monteiro/) existe uma omissão: O Espiritismo não "condena" e, portanto, todos temos a liberdade da escolha. Mesmo o aborto é considerado na seguinte questão de O Livro dos Espíritos:

359. Dado o caso que o nascimento da criança pusesse em perigo a vida da mãe dela, haverá crime em sacrificar-se a primeira para salvar a segunda?

"Preferível é se sacrifique o ser que ainda não existe a sacrificar-se o que já existe."

O pensamento cristalizado das religiões impede que se veja além, hipervalorizando a vida na matéria. Os Espíritos que responderam a Kardec não são tão pragmáticos. Vejam alguns exemplos em O Livro dos Espíritos:

346. Que faz o Espírito, se o corpo que ele escolheu morre antes de se verificar o nascimento?

"Escolhe outro."

a) -Qual a utilidade dessas mortes prematuras?

"Dão-lhes causa, as mais das vezes, as imperfeições da matéria."

...

351. No intervalo que medeia da concepção ao nascimento, goza o Espírito de todas as suas faculdades?

"Mais ou menos, conforme o ponto, em que se ache, dessa fase, porquanto ainda não está encarnado, mas apenas ligado. A partir do instante da concepção, começa o Espírito tomado de perturbação, que o adverte de que lhe soou o momento de começar nova existência corpórea. Essa perturbação cresce de contínuo até ao nascimento, Nesse intervalo, seu estado é quase idêntico ao de um Espírito encarnado durante o sono. À medida que a hora do nascimento se aproxima, suas idéias se apagam, assim como a lembrança do passado, do qual deixa de ter consciência na condição, de homem, logo que entra na vida. Essa lembrança, porém, lhe volta pouco a pouco ao retornar ao estado de Espírito."

...

358. Constitui crime a provocação do aborto, em qualquer período da gestação?

"Há crime sempre que transgredis a lei de Deus. Uma mãe, ou quem quer que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida a uma criança antes do seu nascimento, por isso que impede uma alma de passar pelas provas a que serviria de instrumento o corpo que se estava formando."

...

360. Será racional ter-se para com um feto as mesmas atenções que se dispensam ao corpo de uma criança que viveu algum tempo?

"Vede em tudo isso a vontade e a obra de Deus. Não trateis, pois, desatenciosamente, coisas que deveis respeitar. Por que não respeitar as obras da criação, algumas vezes incompletas por vontade do Criador? Tudo ocorre segundo os seus desígnios e ninguém é chamado para ser juiz."

...

Concluindo, o argumento de que "abortistas" defendem quem "matar seres indefesos" é simplista e não reflete a opinião geral.

"Legalização do aborto" é diferente de "descriminalização do aborto". A pura e simples "descriminalização" não legaliza nada; apenas retira da lei onde está escrito que "constitui crime". A pura e simples "legalização" - do tipo "É lícito qualquer indivíduo provocar aborto" - é impensável.

A questão da saúde pública é muito simples: os dados estatísticos colhidos se referem à morte de mulheres, oriunda de abortos em condições adversas. O número de abortos clandestinos é uma estimativa estatística baseada em pesquisas cujos métodos são amplamente estudados, debatidos e aperfeiçoados constantemente nas ciências exatas para uso das inexatas, uma vez que são imprescindíveis em diversas áreas do conhecimento.

Dogmas nunca deveriam comandar as sociedades!

Geralmente quando se colocam uns contra outros, como neste caso de abortistas contra não-abortistas, os resultados são insatisfatórios porque acabam esquecendo o fundamento principal da discussão, que, em síntese, é o aperfeiçoamento das instituições para melhorar as condições de vida do ser humano. Uns e outros acabam perdendo-se em discussões estéreis em detrimento das energias criadoras que impulsionam o progresso.

Seria insano defender a morte de qualquer ser vivo, mas quem mata tem direito à defesa.

A serpente que engoliu um indefeso passarinho está plenamente justificada! Meu veredito é: INOCENTE!

O homem mentalmente sadio e consciente que retirou da natureza um passarinho implume, provocando-lhe a morte, não se justifica! Meu veredito é: CULPADO!

Minha "verdade", entretanto, é parcial e meu direito de culpar ou inocentar alguém é extremamente subjetivo porque calcado em princípios e concepções próprias inaceitáveis como parâmetros definitivos para quaisquer correntes filosóficas atuais, uma vez que todas as verdades seriam transitórias e reformáveis no tempo e no espaço, conformando-se ao contexto.

Por tais razões que a utilidade da religião está exclusivamente nos seus aspectos morais, de foro íntimo, sendo incompatível com a liberdade de pensamento, expressão e ação, especialmente no que se refere à dinâmica social.